sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Educação Física Escolar e Literatura de Cordel

“É uma literatura
Cujos temas hoje são
Aproveitados na música
Cinema e televisão
No seu valor literário
Está a sua expansão”

Fortaleza e Viana (2006):



TEMA DA AULA
Educação Física Escolar e Literatura de Cordel

EMENTA DA AULA
Aqui, utilizaremos a poesia de cordel como recurso pedagógico para debater temas relacionados à educação física escolar, bem como estimular os alunos a criarem estrofes em sextilha, visando com isso estimular a capacidade criativa na construção de um tipo de texto característico da região nordestina e que infelizmente passa por um estágio de abandono, de esquecimento e até de desconhecimento das novas gerações.

No espaço escolar o cordel poderá ser usado para estimular a criatividade. Como é uma leitura que pode ser cantada, acompanhada de um ou vários instrumentos musicais como viola, rabeca, sanfona, violão, pífano, zabumba, flauta, pandeiro ou outro de interesse do professor, vemos a riqueza da sua utilização. Indiretamente há um incentivo à aprendizagem de determinado instrumento musical, ao próprio canto e à estimulação da educação rítmica, mesmo para aqueles que não queiram estudar ou compor música. Finalmente pode-se orientar os alunos a produzir histórias, relatos e conteúdos das aulas em versos de cordel, o que de fato contribuirá para que sejam revelados valores e com isso fazer perpetuar em nossa região o estigma de lugar dos grandes poetas.

Através do estudo da literatura de cordel, pode-se incentivar a aprendizagem da confecção da xilogravura, que é usada tradicionalmente nas capas dos folhetos, assim, exercitaremos, dentre outras coisas, a coordenação motora fina.

Assim os alunos farão um belo passeio ilustrativo pelo universo da poesia popular e vivenciarão: A capacidade criativa e de reflexão sobre o assunto trabalhado durante a aula de Educação Física em forma de poesia de cordel; O exercício do aspecto rítmico do cordel através do canto das estrofes (sobre conteúdos relativos à educação física escolar) tal como os repentistas, aboiadores e outros tipos e estilos musicais; O exercício prático de várias atividades (vôlei, futsal, corrida, handebol, brincadeiras...) realizado principalmente através de circuito escolar; A inter-relação leitura literária e processo ensino-aprendizagem; Contextualização, Aula-artística com contação de histórias e improvisos, Regras (rima, métrica, verso, estrofe e narrativa) do cordel e do repente, xilogravura, Análise dos temas abordados na disciplina de Educação Física criando textos em forma de literatura de cordel, Escrever estrofes, rima, métrica, transformando narrativas em prosa para os versos do cordel.

OBJETIVOS
• Utilizar a Poesia de Cordel como recurso pedagógico para debater os temas relacionados ao Esporte, em especial à Educação Física escolar;

• Participar das aulas de educação física na escola fazendo uma análise dos temas abordados e criando textos, em forma de literatura de cordel.

• Desenvolver o senso crítico e análise reflexiva através da expressão oral e escrita, utilizando-se do tema “Esporte” e das vivências nas aulas de Educação Física;

• Despertar a criatividade poética, pesquisando, lendo e produzindo folhetos de cordel.

• Ser capaz de interpretar, analisar e relacionar os elementos que caracterizam a literatura de cordel.

• Usar ferramentas tecnológicas para construir saberes a cerca do gênero cordel.

PÚBLICO-ALVO
Alunos do Ensino Fundamental - Anos Finais

CONTEÚDOS
• Conceito e histórico da literatura de cordel.
• Literatura de cordel no Brasil.
• Aspectos da literatura de Cordel (métrica, rimas, tipos de versos, estrofes)
• Leitura e reflexão de folhetos de cordel.
• Técnica da elaboração das estrofes em sextilha.
• Produção de livretos de cordel abordando a Educação Física Escolar.
• Canções e ritmos musicais provenientes do cordel.
• Uso da xilogravura.

TEORIA DE APRENDIZAGEM
A referida aula está fundamentada na teoria do letramento, e nas reflexões de Magda Soares e na proposta interdisciplinar de Heloísa Luck e Hilton Japiassu, que afirmam que a literatura de Cordel, pelos seus textos diversificados, de linguagem também diversa, nos dá todas as condições para o Letramento e a interdisciplinaridade, cabendo ao docente, no entanto, promover as adaptações necessárias a cada contexto para que se contemple na sala de aula, tipologia e gêneros diversos, linguagens diversas (oral e escrita, coloquial e formal, verbal e não–verbal). Certamente que, se o diálogo se estabelecer entre as diversas expressões de saber apresentadas interdisciplinarmente em sala de aula, o aluno trilhará os caminhos do letramento aprendendo também a identificar, analisar, comparar, competências e habilidades que são requeridas como resultados da ação escolar.

Tomando a literatura de cordel como uma estratégia de ensino e utilizando-a corretamente no desenvolvimento de um trabalho pedagógico interdisciplinar através de um projeto didático, perceberemos os frutos que este trabalho, pode produzir. Por meio de projetos os professores podem introduzir o estudo de temas versados pela literatura de cordel, que não pertencem a uma disciplina específica, mas que, inicialmente possam envolver duas ou mais delas. Os projetos didáticos são feitos com o propósito de construir boas situações de aprendizagem, nas quais se evite compartimentalizar o conhecimento, e dar aos alunos um sentido ao esforço de aprender.

A interdisciplinaridade deve ir além de mera justaposição de disciplinas e deve a diluição das mesmas em generalidades. De fato será principalmente na possibilidade de relacionar as disciplinas em atividades ou projetos de estudo, pesquisa e ação que a interdisciplinaridade poderá ser uma prática pedagógica e didática adequada inclusive para o ensino médio. (BRASIL, 1998)

ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS

Etapa 01
Levar os alunos a realizar uma pesquisa na internet e conseguir fotos do sertão nordestino e pedir para um funcionário, professor ou pai de aluno que seja sertanejo, contar aos estudantes sua vida no sertão. Isso é ótimo para eles localizarem a origem da literatura de cordel.

Propor aos alunos, uma pesquisa com as seguintes perguntas para uma comunidade sertanejo-nordestina.

Você conhece "Literatura de Cordel?” (Provavelmente a resposta será "não", porque o nordestino conhece essa narrativa em versos como "folheto", "romance" ou "história de trancoso". Com isso, os alunos perceberão que o nome "Literatura de Cordel" vem de fora, dado por pesquisadores e estudiosos, e não pelo povo.)

Etapa 02
Para aguçar e despertar a curiosidade dos alunos, apresentar o vídeo do Youtube “A quase extinta literatura de Cordel” disponível em http://www.youtube.com/watch?v=_aikUXGdrqk, e/ou o vídeo “Literatura de cordel”, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=6OYZnVrBvhU.

Etapa 03
Navegar por sites de busca, com o objetivo de pesquisar sobre o tema: Literatura de Cordel.

Organizar a turma em grupos. Distribuir pelos grupos os temas a serem pesquisados: Histórico da literatura de cordel no mundo; Histórico da Literatura de cordel no Brasil; Aspectos da literatura de Cordel (métrica, rimas, tipos de versos, estrofes); Principais autores de folhetos de Cordel; Canções e ritmos musicais provenientes do cordel; Xilogravura.

Retomar os conteúdos e trabalhar os elementos da pesquisa fazendo uso de um Mapa Conceitual, que pode ser confeccionado com a ajuda da classe.

Cada grupo redigirá um relatório com os resultados obtidos na pesquisa e definirão neste relatório a forma de apresentação do tema. Essa apresentação poderá ser feita para outras turmas da escola.

Etapa 04
Levar para a sala de aula cópia de um folheto de cordel e propor aos alunos a leitura e reflexão coletiva de uma história de cordel, ou seja, todos lêem ao mesmo tempo os versos. Estimule o "soltar" a voz. Em seguida realizar debate das estrofes.

Após a leitura, reflexão e socialização do cordel instigar os alunos a identificar os elementos que caracterizam o texto como Literatura de Cordel.

Propor aos alunos realizar uma apresentação do texto (cordel) utilizando-se de ritmos musicais em que a métrica do cordel seja empregada e se possível com acompanhamento de algum instrumento musical como pandeiro, triângulo, violão, viola, etc. Na ausência deste fazer uso de microssystem para que a apresentação fique mais animada.

Etapa 05
Participar das aulas de educação física na escola fazendo uma análise dos temas abordados e criando textos em sextilhas, em forma de literatura de cordel. Pode-se iniciar as produções com a criação de duas estrofes, por semana, em cada grupo, sobre os assuntos abordados nas aulas, objetivando a construção de um folheto cordel.

Etapa 06
Fazendo uso de um computador e softwares como o CorelDraw ou até o próprio Word no corpo 12, fonte arial, com entre linhas de 1,5 digitar os textos produzidos em sextilhas e seguida imprima

Para produzir o Miolo – livre de até 08 páginas:
1) Digite os textos produzidos utilizando o programa Microsoft Word.
2) Para a matriz do miolo, dobre uma folha de papel tamanho A4 uma vez na horizontal e uma vez na vertical, encontre as pontas para a dobra ficar perfeita.
3) Depois dessa operação, numere com lápis sem pressionar muito na borda inferior de cada página dobrada, que deve ser de um quarto do A4.
4) Em seguida recorde a impressão, e cole nas páginas, com a folha já aberta, seguindo a seqüência da numeração e do texto, observando a posição da numeração, e centralizando de acordo com os limites do vinco.
5) Depois apague as marcas de lápis ou cole uma numeração impressa a parte em seu lugar.
6) Faça cópias (frente e verso) dessa matriz, na quantidade de folhetos que desejar produzir. O papel usado nas cópias pode ser tipo ofício ou jornal.
7) Dobre as cópias da mesma maneira explicada no inicio.
8) Refile com um estilete bem amolado, o mínimo possível, para eliminar a dobra do papel.

Para produzir a Capa
1) Digite o titulo no corpo 18, na fonte arial blod e o nome do autor/autores no corpo 14, na mesma fonte. Imprima 02 cópias.
2) Para a matriz da capa, dobre uma folha de papel no tamanho A4 uma vez na horizontal e uma vez na vertical, encontre as pontas para a dobra ficar perfeita. Uma folha A4 dá para duas matrizes, por isso pedimos 02 cópias do título e dos autores.
3) Cole na parte superior o titulo e na parte inferior o nome dos autores. No meio cole a cópia da ilustração (desenho, xilogravura) que devera ser ajustada através de redução ou ampliação. Repita o processo nas duas capas.
4) Faça cópias (só frente) dessa matriz, na metade da quantidade de folhetos que desejar produzir. O papel usado nas cópias pode ser tipo colorset na cor da sua preferência, ou papel kraft, cortados formatos A4.
5) Separe as cópias com estilete bem afiado, guiando o corte com uma régua.
6) Dobre no meio.

Acabamento do folheto
Coloque os miolos dentro das capas
Grampei com o grampeador aberto, sob um pedaço de isopor, com a capa para cima. Em seguida, vire e faça o remate dos grampos. Está pronto seu folheto!

Dica: a mesma técnica pode ser usada para fazer um livrinho de outro gênero: poesia, conto, crônica.

Xilogravura alternativa
Para ilustrar os folhetos de cordel, ou mesmo campanhas e cartazes, a xilogravura alternativa, feita de isopor é prática, bonita, e não fica nada a dever à tradicional. A seguir o processo passo a passo.

1) Reaproveite bandejinhas de isopor que embalam frutas, carnes e frios. (folhas de isopor não servem, pois são muito porosas e pouco resistentes). Retire as bordas com auxilio de um estilete.

2) Com uma caneta esferográfica tipo bic ou o cabo de um pincel, risque no isopor as partes que não farão parte do desenho, que ficaram em branco.

3) Com a matriz pronta cubra-a com um camada fina de tinta de consistência firme, na cor desejada para a impressão.

4) Vire de uma vez só no lugar da impressão e pressione com firmeza, usando a palma da mão.

A capa do folheto de cordel deve ser ilustrado com uma gravura feita usando a técnica da xilogravura, ou na impossibilidade deste, desenhadas em papel, scanneadas e acrescentadas à arte final.

Etapa 07 – Produto final
Retomar os conteúdos e todo material produzido e solicitar que cada grupo produza um vídeo (não é necessário equipamento sofisticado. Pode ser utilizado o programas de edição de imagens do Windows XP ou Vista: o movie maker), sendo que os vídeos poderão estar relacionados as produções de cordéis nas aulas de Educação Física, pode ser dramatizações, depoimentos, entrevistas ou documentários.

Cada grupo redigirá um plano de filmagem com elaboração de roteiro e após a produção dos vídeos será definida a forma de apresentação.

Etapa 08 – Culminância
Após a confecção dos folhetos e a produção dos vídeos pelos alunos, será agendada um momento para a apresentação dos trabalhos onde os folhetos poderão ser reproduzidos e com direito a um momento de autógrafos dos autores, e onde os vídeos serão apresentados. Neste momento será convidada toda a comunidade escolar para participar.

As produções dos folhetos e vídeos serão disponibilizadas no portal ou blog da escola para apreciação de toda comunidade interna e externa.

RECURSOS
• Texto impresso: Um folheto de cordel da preferência do professor.
• Exemplares de folhetos de cordel.
• Caderno para produção de texto.
• Varal ou cordel para exposição dos folhetos dos alunos.
• Pesquisa na internet / sites de busca
• Instrumentos musicais ou microssytem
• Computador (CorelDraw ou Word) para digitar as sextilhas produzidas.
• Papel ofício ou papel jornal, cola, grampeador, isopor, régua, estilete.
• Impressora ou xérox para fazer cópias.
• Filmadora ou Câmera digital para produção de vídeos.
• Mídias de Cd ou DVD para gravação dos vídeos.
• Retroprojetor ou Datashow para apresentação de mapa conceitual e vídeos.
• Aparelho de DVD ou notebook para conectar ao datashow.


DURAÇÃO DAS ATIVIDADES
10 aulas

AVALIAÇÃO
A avaliação se dará em cada etapa do processo de criação dos folhetos de cordel. Deverá ser realizada de forma participativa e coletiva com os alunos avaliando a produção por eles realizada, atentando para as produções que lhes foram apresentadas para o desenvolvimento da tarefa, bem como o conteúdo da produção; O professor acompanhará os alunos nas atividades de produção de estrofes, da leitura, declamação, interpretação e canto dos versos de cordel no ritmo característico, até o momento da apresentação dos vídeos e de autógrafos que será a culminância dos trabalhos.

É importante que o aluno reflita sobre os pontos avaliados e que postura assumiu diante de cada desafio, portanto ele também fará a sua auto-avaliação seguindo os conceitos seguintes:

Iniciante 4,0  
Apenas integrou os grupos: pouca participação na exploração do material sugerido e disperso durante a realização das atividades.

Aprendiz 6,0
Participação razoável no grupo: explorou o material sugerido, porém fez poucas considerações para o grupo, em alguns momentos esteve disperso durante as atividades.

Profissional 8,0
Participação mediana: explorou material sugerido, indicou outras fontes para pesquisa, mas teve dificuldades para trabalhar em equipe de forma colaborativa.

Mestre 10,0
Participação efetiva: explorou material sugerido, indicou outras fontes de pesquisa, interagiu com todos os temas apresentados e colaborou com todos os grupos.

“O educador deve saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua construção”. Freire (1997, p. 52)

Agora na EDUCAÇÃO
O folheto faz figura
As escolas descobriram
Que o cordel é cultura
Meus parabéns para nossa
Popular literatura.

Acopiara (2004)






REFERÊNCIAS

ACOPIARA, Moreira de. O beabá do Cordel. São Paulo: [s.n.], 2004.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF1998

FORTALEZA, Zé Maria de; VIANA, Arievaldo. A didática do cordel. Canindé, CE: Gráfica e Editora Canindé, 2006.

JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, Imago, 1976.

LÜCK, Heloísa. Pedagogia Interdisciplinar: Fundamentos teórico-metodológicos. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

______. Pedagogia Interdisciplinar: Fundamento teóricos-metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

SOARES. Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica. 1998.

______. Português na Escola: História de uma disciplina curricular, In: RÖSING, Tânia; BECKER, Paulo. Ensaios. Passo Fundo: UPF, 2001.

______. O que é letramento – Diário na Escola - Diário do grande ABC, p. 03, agosto 2003.

______. Português: uma proposta para o letramento. Ensino Fundamental, 1ª ed. São Paulo: Moderna. 1999.